Outro dia fui visitar de relance a minha antiga Missão Nova - solo sagrado do velho-mestre Joaca Rolim(um dos homens mais sábios que conheci quando menino).
Um verde vale, quase no sopé da serra. Pequeno lugarejo onde passei parte importante da minha meninice. Um pedaço da minha própria história que tenho orgulho de carregar comigo no fundo do peito. Tudo mudado. Doída constatação de uma paisagem que agora se diglade com as imagens que há anos tenho guardadas nas minha memórias. Eis o que fez a fome de uma modernidade devoradora,quase insensata, com o lugarzinho saudoso em que cresci.
Infelizmente, quase nada restou da Missão Nova do meu tempo. Nem as grandes árvores em que subi quando menino. Nem os engenhos com seus baixios imensos. Nem a "Levada" de águas límpidas que desciam da serra irrigando aquele chão de fartura verde, de piabas, corrós, piaus e de carís. Nem as matas, nem as estradas, nem os coqueiros, as casas nem as pessoas que conheci. Apenas a bela igrejinha de Santo Antonio padroeiro ainda se encontra lá - bonita e solitária, como alguém assim como eu, tristonho, morrendo de saudade dos anos felizes de quando a Missão Nova era toda uma festa, de paz, bucolismo e tranquilidade. Não apenas nas tradicionais comemorações do seu padroeiro(santo casamenteiro) em que a vila se vestia de entusiasmo e alegria sob os embalos inconfudíveis da banda cabaçal, do velho sanfoneiro, bem como da reza do padre, além das quermesses, o parque de diversão e a feirinha de comidas, bebidas e bugigangas instalada no cento do povoado.
Fui visitá-la na ânsia de minorar minhas saudades. De avivar minhas lembranças. Mas não! Retornei ainda mais melancólico e saudoso diante da triste realidade que constatei, de que a minha Missão Nova agora, é tão somente uma fotografia desbotada que há de continuar pendurada para todo o sempre na parede da minha imorredoura memória.
Todo o resto agora é uma saudade imensa cada vez mais distante, prenhe de romantismo, tristeza e solidão.
# José Cícero -
Aurora-CE.
> www.prosaeversojc.blogspot.com

0 Comentários